por Gustavo Hana
Nos últimos anos, os conceitos de diversidade e inclusão passaram a fazer parte da estratégia de marketing e da divulgação de muitas organizações. Esse novo posicionamento em prol da representatividade fica muito claro com campanhas e propagandas, tanto no offline quanto no online, que, cada vez mais, giram em torno de causas relacionadas à comunidade LGBTQIA+, mulheres, negros e outros grupos diversos. É o marketing inclusivo conquistando seu espaço e mostrando que veio para ficar. E o e-commerce não fica fora disso.
Na prática, o Marketing Inclusivo é um conjunto de ações que uma organização pode promover para favorecer a inclusão social. As iniciativas para defender determinada agenda podem acontecer dentro da própria empresa — o que podemos chamar de endomarketing —, ou se estender para o público externo, ganhando destaque nas comunicações da organização com consumidores, clientes e fornecedores.
O Marketing Inclusivo, além de posicionar em meio a importantes grupos diversos, também ajuda no relacionamento com o público em geral. De acordo com dados do Interactive Advertising Bureau (IAB), as marcas com posicionamentos claros e socialmente responsáveis têm criado empatia com os consumidores, principalmente com a Geração Z.
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No Brasil, segundo o Estudo Box 1824, cerca de 18 milhões de pessoas se identificam como LGBTQIA+. Metade desse público se diz disposto a priorizar uma marca que apoie a causa. No entanto, apesar de uma atenção maior para a diversidade e inclusão, ainda há um longo caminho a ser percorrido por aqui. Segundo pesquisa feita pelo Grupo Chroma sobre as urgências da população negra, 68% dos entrevistados não se sentem representados pelas marcas no geral. Já 69% acham que as marcas tratam o Dia da Consciência Negra, por exemplo, de forma vazia e oportunista.
Os números comprovam que relacionamentos superficiais não bastam, pois os consumidores querem marcas que mostrem e pratiquem, de forma autêntica e verdadeira, a sua dimensão humana, contribuindo de maneira concreta para suas vidas. O discurso, obviamente, precisa ir além da publicidade. A marca deve ter a mesma postura em todos os seus processos, desde a construção da equipe, até nos modelos de venda e atendimento.
Ou seja, mais do que apenas levantar uma bandeira por moda ou tendência, o processo de posicionamento de uma determinada marca precisa se apoiar na transparência. Uma campanha feita apenas para agradar ou cumprir agenda pode soar como oportunismo, e não existe mais espaço para isso no mercado. Um discurso diversivo decorado, superficial e fora de contexto pode ter efeito contrário ao almejado. A pluralidade deve ser levada em consideração em todos os momentos e buscada em todos os campos.
As marcas estão investindo em diversidade por se tratar de um tema em voga, principalmente nos estudos de tendências. Na minha visão, ao ser inclusiva e pluricultural, a empresa se comunica com todos os públicos, não apenas com as minorias. Isso traz menos impactos mercadológicos, de produção, atendimento e distribuição. Em outras palavras, torna todo o processo mais saudável.
Olhar com carinho para o marketing inclusivo faz diferença, não somente para a empresa, mas principalmente na vida dos consumidores. Você gera identificação, satisfação e felicidade, fazendo com que o usuário se engaje com seus conteúdos e aumente o alcance do seu respectivo propósito.
Para quebrar paradigmas, vale explorar novos modelos de representatividade e atingir pessoas reais, possibilitando identificação e sentimento de pertencimento. Daqui para frente, o público vai, cada vez mais, esperar comprometimento, posicionamento e suporte das marcas. Deixar de se posicionar não será bem-visto, ainda mais em um momento no qual o mercado tem que agregar e incluir.
O marketing inclusivo é uma ferramenta capaz de gerar valor para uma marca e fazer com que ela seja destaque entre seus concorrentes. Porém, precisa ser usado de forma genuína e transparente. A incoerência entre o que uma empresa promove em suas ações e a forma como toma decisões no dia a dia será alvo da visibilidade pública, mais cedo ou mais tarde. Por isso, abrace as causas sociais de verdade e vá em busca de uma evolução saudável, sustentável e positiva para todos.